domingo, 9 de fevereiro de 2014

FOTOGRAFO VIAJA O MUNDO PARA RETRATAR ALPINISTAS EM SITUACAO DE PERIGO

 


 

Produção das imagens é patrocinada por revistas estrangeiras


Da Redação
Editora Globo
A pedido das revistas americanas Rock & Ice Magazine e Trail Runner, o fotógrafo David Clifford visitou diversas cidades ao redor do mundo para procurar alpinistas em ação. O objetivo era retratá-los em situações de extremo perigo.
Editora Globo
A coleção das imagens está disponível no site do americano.
Editora Globo



                                                                 

 

domingo, 15 de setembro de 2013

Alpinismo

àvista


Acesse esta página periodicamente e saiba muito mais sobre montanhismo.
Ogro
EIGER04
A virgem, o ogro e o monge. Dos três, o ogro levou a fama. E por toda sua fama, eu queria conhecê-lo pessoalmente. Estava por perto, olhei no mapa, descobri o trem, comprei a passagem e fui. Não fazia a menor idéia sobre qual idioma deveria adotar chegando em sua região. Certamente não seria a língua dos ogros.
Obviamente descobriria em poucas horas chegando lá. Nem francês, nem inglês, mas o suíço-alemão, ou alemão-suíço? Bom para mim não fazia a menor diferença, pois eu não falava ou compreendia uma palavra sequer daquele dialeto local.
Nada como chegar sozinho na Suíça para descobrir que lá são aceitos nada menos que três ou quatro idiomas – francês, italiano, suíço-alemão, e o inglês até serve. Claro que com preferências regionais. Se você quiser visitar o “ogro”, o inglês vai te salvar, mas farão cara feia na resposta, afinal você, turista do terceiro mundo, deveria saber o tal suíço-alemão!
Enfim, não estava nem um pouco preocupado com isso, mandei o inglês goela abaixo dos gringos, algum francês se necessário, e adiante para o camping mais próximo (claro nem pense em chegar na Suíça e achar que tem hotel baratinho, o franco-suíço na época valia mais que o euro!).
Aos 27, mas agindo como se tivesse 10 anos, eu queria pelo menos chegar aos pés do “ogro”. Vocês já devem saber que falo do Eiger, provavelmente a montanha mais famosa dos Alpes ou talvez de toda a Europa, quem sabe empatando ali com o Mont Blanc.
Eiger, em suíço-alemão (ou só em alemão?) significa ogro, se bem me lembro. Não estava dando muita importância para a cidade-presépio em que o ogro mora. Grindelwald é realmente um presépio. Gramados perfeitos, casarões suíços, ruazinhas asfaltadas pelas quais quase nunca passam carros, campos de flores, um vale que começa verde embaixo e termina cinza e branco antes de virar azul.
Não que não desse importância para a pacata Grindelwald e seus idosos turistas e moradores, mas meus olhos miravam apenas aquela parede. É realmente impressionante a presença da nordwand sobre a cidade. Ela já se colocou em destaque naturalmente, a fama foi conseqüência.
São 2000m de parede vertical com seções negativas. Hoje virou “carne de vaca”. Já teve quem a escalou em tempo recorde de 2 horas e uns quebrados, já teve quem mandou solo no inverno, solo no verão, em simultâneo, solo com um “base” nas costas ( como ilustra a foto abaixo com o senhor Dean “Pot”), agora só deve faltar mandar a parede descalço, ou coisa do tipo.
DEAN_EIGER
E parece que a fama do Eiger atraiu os famosos. O primeiro grupo a conquistar a parede norte, em 1938, contava com a participação do renomado Heinrich Harrer, o protagonista da bela história real dos Sete Anos no Tibet. O que poucos lembram é que aquele amigo dele, do filme, que se casa com uma tibetana, Andreas Heckmair, também estava na cordada de 1938.
A primeira ascensão da montanha, pela hoje conhecida como via Normal, aconteceu em 1858, 80 anos antes. Certamente desde aquela época os montanhistas já desejavam a face norte, que matou pelo menos uma meia dúzia de aventureiros até a conquista de 38.
Talvez a tentativa mais marcante tenha sido não a de sucesso, mas a que a antecedeu e fracassou, em 1936. Depois da primeira tentativa em 1935, na qual morreram os alemães Karl Mehringer e Max Sedlmayer – que lutaram durante quatro dias na parede e chegaram até a sua metade, mas foram pegos de surpresa por uma tempestade – foi a vez dos compatriotas Aderl Hinterstoisser e Toni Kurz, junto com os austríacos Willy Angerer e Eddie Rainer.
Aderl deu seu sobrenome à também famosa travessia da nordwand. A travessia de Hinterstoisser resolvia um problema chave da parede e abriu o caminho rumo ao topo da montanha e a conquista da face norte. Mas, ao armarem seus bivaques em um local que ficou conhecido como o “Bivaque da Morte”, seus destinos pareciam selados. O local ganhou este nome por ser o mesmo em que morreram os dois alemães da tentativa anterior.
EIGER03
Na manhã seguinte, ao acordarem, a montanha já havia fechado as portas. A travessia se tornara impraticável, coberta de neve. Resgatadores conseguiram chegar a apenas 100m do grupo, mas lá, a cena era de morte. Hinterstoisser caíra, Angerer estava enforcado pela corda e pendurado, morto, e Rainer também falecera congelado. Kurz estava vivo.
Tiveram de passar mais uma noite suspensos e na manhã seguinte os resgatadores pediram para Kurz armar um rapel e descer até eles. Com muitas dificuldades ele conseguiu armar o sistema, mas sua corda enroscou. Uma avalanche o pegou, foi o fim.
São muitas as outras histórias de vida e morte na face norte do Eiger. A minha não foi nenhum épico. Consegui apenas chegar até sua base e acampar ali. A meta era apenas olhar, como quem vê pessoalmente uma celebridade e fica embasbacado. Foram apenas três dias, mas o ogro fez o favor de dar suas calorosas, ou melhor, geladas, boas vindas.
No primeiro dia, sol, céu azul. Cai a noite, chuva e frio. As nuvens chegam e param na face norte, que age como uma “concha” na vertical, segurando as frentes. Foram horas ininterruptas de chuvas torrenciais, eu não acreditava que estava lá levando uma chuva tão “tropical” quanto às que estamos acostumados por aqui, em plena Suíça.
EIGER02
Quando minha barraca já estava molhada por completo, ele deu uma trégua e deixou as nuvens partirem. Aproveitei a volta do sol pela manhã, após uma péssima noite, para secar um pouco aquela “lambança”, mas ainda assim tive de partir carregando peso extra graças a água acumulada em roupas e etceteras.
Pensei, “se uma noite aqui na base da nordwand já é ruim assim, imagina lá em cima!” Bem, ruim é modo de dizer, eu largaria tudo para estar lá agora novamente. O Eiger é assim, sempre deixa sua marca. Era de se esperar que em se tratando de um ogro, a coisa não seria fácil. Já a virgem e o monge – Jungfrau e Mönch – que são os outros dois cumes que formam a tríade mais famosa de Grindelwald, devem aproveitar a fama do ogro para guardar seus segredos verticais longe da atenção e dos holofotes.
PS. quem quiser saber mais sobre o Eiger basta buscar no Google para encontrar quase 2 milhões de resultados. Bonne chance.
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Audácia
Uma perspectiva pessoal da história do montanhismo
Mark Twight

O texto abaixo é uma tradução do trecho homônimo, do livro de Twight, “Alpinismo Extremo: escalar alto, rápido e leve” publicado no fim dos anos 90. Muitas escaladas ainda mais difíceis e inovadoras, e rápidas e leves, já foram feitas após as descritas no texto a seguir. Basta uma rápida pesquisa em sites especializados para constatar que a evolução continua. Mas como o autor afirma no final, é conhecendo o passado que o futuro se desenrola.
Historicamente a imprensa de montanha americana prestou pouca atenção ao alpinismo, centrando-se somente em grandes paredes e em ascensões nas quais se sitia a montanha. Houve exceções, obviamente. Os feitos de Messner no Himalaya saíram em primeira página, mas muitos dos feitos conquistados, alcançados por pessoas que escalaram de maneira rápida e leve nos grandes maciços, só mereceram algumas linhas. Sem ser uma lista exaustiva dos avanços do alpinismo, os feitos descritos a seguir influenciaram minha maneira de entender a escalada em montanha.
A escalada em estilo alpino se converteu em arte nos anos 80, mas não teria evoluído sem aqueles visionários que subiram as caras norte do Eiger, do Cervino (Matterhorn / Cervin), das Grandes Jorasses, e outras faces norte dos Alpes nos anos anteriores à Segunda Guerra Mundial. Subir essas clássicas hoje continua produzindo bastante admiração pelos alpinistas que tiveram valor de se aventurar neste terreno desconhecido com o material primitivo da época.
Depois da guerra, se abriram novas vias difíceis entre as que já existiam em todas as grandes paredes. Walter Bonatti abriu uma das vias mistas mais difíceis dos Alpes, na cara norte do Grand Pilier d´Angle, no Mont Blanc, em 1962. Foi um valente passo para o futuro, servindo-lhe de treinamento para a primeira ascensão invernal do Esporão Walker, em 1963, e sua nova via no Esporão Whymper das Grandes Jorasses, com Michael Vaucher, em 1964.
À medida que subiu o nível e melhoraram as técnicas de treinamento, vias que levavam três dias passaram a ser feitas habitualmente em um. Reinhold Messner começou esta moda fazendo em solitário a via Davaille, na cara norte do Les Droites, em 9 horas, em 1969. Até então, os piolets curtos e com lâmina curva eram usados a apenas 3 anos, as lâminas “banana” eram uma quimera e o que se usava normalmente como segundo piolet era um punhal de gelo.
Os anos 70 vieram com a abertura de numerosas vias de gelo vertical nos Alpes e em outros lugares, destacando a Cecchinel-Nomine del Pilier d´Angle e o Couloir (corredor) Nordeste dos Drus, assim como o Super Couloir do Mont Blanc do Tacul. A escalada de cascatas (de gelo) avançou depressa na América do Norte. Com o desenvolvimento dos piolets, a técnica e os conhecimentos, essas vias tiveram repetições rápidas e em solitário.
Como as montanhas não cresciam ou se tornavam mais difíceis, os alpinistas se concentraram na velocidade e na pureza do estilo. Se faziam habitualmente em solitário vias como a norte do Les Droites em 4 ou 6 horas. Para rechear as 18 ou 24 horas restantes, começaram a encadenar paredes no dia. Durante o inverno de 1983, o grande alpinista francês Christophe Profit subiu as caras norte do Les Droites, a Aiguille du Talefre e as Grandes Jorasses (pelo Linceul) em uma única jornada de 21 horas. Em 1989 Patrick Gabarrou cruzou o maciço do Mont Blanc em solitário, subindo várias caras nortes.
Essa época de encadenar escaladas nos Alpes alcançou seu clímax em 1996 quando Patrick Berhault e François Bibollet combinaram vias extremamente difíceis no Les Droites (Colton-Brooks), nas Grandes Jorasses (Colton-McIntyre), no Pilier d´Angle (Cecchinel-Nomine) e o Hyper Couloir na cara sul do Mont Blanc. Ainda que restem por fazer outros muitos encadenamentos em maciços do mundo todo, a referência se estabeleceu nos Alpes e é preciso olhar outros lugares para encontrar outros grandes objetivos.
O começo dos anos 90 nos Alpes viveu a abertura de itinerários muito difíceis que transcorriam por formações de gelo efêmeras. Andy Parkin e eu abrimos Beyond Good and Evil na cara norte da Aiguille des Pelerins, em 1992. Scott Bakes e eu subimos uma via nova na cara norte da Aiguille Sans Nom um ano depois e a graduamos como mais difícil que Beyond. Andy e François Marsigny abriram vias parecidas, sendo a mais difícil a Alaskan Freeway no Dent du Caiman, em 1998. Cada nova via era mais comprometida que a anterior.
Paralelamente a estes avanços na Europa, o alpinismo extremo também evoluiu em outros lugares. George Lowe e Chris Jones puseram toda a carne para assar nos 1.800m da cara norte do North Twin, nas rochosas canadenses, em 1974, e subiram até chegar em uma situação na qual não podiam abandonar. Sem comida e sem combustível, e ficando quase sem equipamentos, foi a força de vontade de Lowe e o alto potencial de sobrevivência de Jones que lhes permitiu terminar a ascensão. Acaba o século vinte e esta via segue sem repetição. Em sua maior parte, só montanhas da América do Norte que ainda não foram invadidas por meios de acesso mecânico, exigem o compromisso necessário para se completar uma via como essa.
Em 1977 George Lowe formou cordada com Michael Kennedy para fazer a primeira ascensão do esporão Infinite, na cara sul do Mount Foraker, no Alaska. Esse esporão supõe 3.000 metros verticais de escalada difícil até um cume remoto de 5.200m do qual não é fácil descer. A cordada levou somente nas mochilas o justo para ir com um mínimo de segurança e funcionou de maneira totalmente autônoma durante onze dias.
A escalada alpina de dificuldade chegou no Alaska em março de 1981 quando Mugs Stump e Jim Bridwell fizeram a primeira e, até o momento de escrever estas linhas, única ascensão da cara oeste do Moose´s Tooth. Esta via ultrapassou os limites da imaginação de muitos escaladores, eu incluso, ao tempo que deixou egos de outros no chão. Mugs, pouco depois de fazer isto seguiu com sua subida ao Pilar Norte do Mount Hunter. Em geral não se considera a sua a primeira ascensão porque não continuou até o cume, mas para ele foi uma de suas melhores escaladas. Ele e Paul Aubrey atacaram os 1.200m do pilar com mochilas leves, duas tendas de bivaque e um portaledge para os dois. A via está graduada como 6a/A3, 90-95 graus em gelo e não se fez nenhum outro itinerário de dificuldade comparável nos treze anos seguintes.
Mugs usou seu estilo leve e rápido pelo mundo todo, culminando-o com sua ascensão em solitário no Esporão Cassin do MacKinley em pouco mais de 15 horas, em 1991. Demonstrou que um alpinista com nível e em forma, e com uma mente aberta pode fazer as vias grandes em um só ataque. Mugs, que motivou toda uma geração de alpinistas americanos, morreu em uma greta no MacKinley, em 1992.
Seguindo o caminho traçado por Mugs, ascensões rápidas e leves de vias técnicas tornaram-se mais freqüentes no Alaska. Em 1994 Scott Bakes e eu abrimos Deprivation no Pilar Norte do Mount Hunter, em 72 horas entre subida e descida. Steve House e Eli Helmuth seguiram, em 1995, com sua ascensão da via de 1.800m, First Born, na parede Fathers and Sons do MacKinley, em 36 horas entre subida e descida. House fez em solitário uma rota nova de 2.100m na cara noroeste do Pilar Oeste do MacKinley, Beauty is a Rare Thing, em 14 horas, em julho de 1996. Em 1997, com Steve Swenson abriu uma via de 900m no pilar sul do MacKinley que chamaram de o Pilar de Mascioli. Fizeram a via, graduada de 6b/A0, 90 graus de gelo, em 30 horas, entre subida e descida.
Tendo acumulado experiência suficiente com táticas de ataque rápido nas montanhas do Alaska, Steve tentou algo ainda maior e levando menos material. Em junho de 1998, com Joe Josephson, abriu uma via de 2.160m até o cume do King Peak, um pico de 5.200m junto ao Mount Logan no maciço do St. Elias. As duas mochilas da cordada pesavam 13,5kg no total. Escalaram com uma só corda de 9,4mm a toda velocidade, subindo e descendo em 35 horas.
Durante esta época e em outros lugares, Rolando Garibotti e Doug Byerly subiram em estilo alpino as 37 enfiadas de Tehuelche na cara norte do Fitzroy, na Patagônia. “Rolo” disse que escalar em estilo alpino era “uma maneira de fazer justiça e mostrar respeito a uma parede tão bela e a um pico tão grandioso”. A cordada demorou 48 horas desde que saiu do campo base até regressar ao mesmo.
Adicione à escalada alpina a grande altitude e tudo ficará mais complicado. A tática de ir com pouco peso foi utilizada em gigantes do Himalaya desde épocas tão antigas quanto a tentativa de Alfred Mummery no Nanga Parbat, em 1895. Expedições leves mostraram seu êxito durante a subida austríaca do Broad Peak, em 1957, quando Hermann Buhl e Kurt Diemberger fizeram o cume.
Em 1975, Reinhold Messner e Peter Habeler deram o maior salto da história do himalaysmo subindo o Hidden Peak (conhecido também como Gasherbrum I, de 8.068m) em três dias, entre subida e descida, em estilo alpino puro. Até então, o resto dos cumes de oito mil metros haviam sido alcançados com subidas lentas, usando muitas cordas fixas e acampamentos bem abastecidos, de maneira que quando Messner e Habeler cortaram o cordão umbilical da segurança, entraram no desconhecido.
Três anos mais tarde esta cordada foi a primeira a subir o Everest sem oxigênio, se bem que é verdade que estavam em uma expedição pesada na qual assediavam a montanha. Messner fez em solitário a parede Diamir do Nanga Parbat dois meses mais tarde. Logo, em 1980, subiu o Everest sem oxigênio e solo. Não teve nenhum tipo de ajuda acima do acampamento base nos três dias que durou a ascensão. Os alpinistas, com os olhos já abertos, começaram a aplicar a tática de expedições leves no Himalaya, e os europeus dominaram a cena do estilo alpino em altitude.
Em 1982, Doug Scott, Roger Baxter-Jones e Alex McIntyre aproximaram-se da cara sul, ainda virgem, do Shishapangma e começaram a escalar. Depois de três bivaques, fizeram cume em estilo alpino. Abriu-se a veia, e a velocidade se converteu no novo espírito da escalada em altitude.
O ano de 1985 foi incrível quanto às escaladas no Himalaya. Benoit Chamoux fez o Esporão dos Abruzzis do K2 em 23 horas, somente dois dias depois de subir em solitário o Broad Peak em 16 horas. Eric Escoffier subiu o K2, o Hidden Peak (Gasherbrum I) e o Gasherbrum II no período de um mês. Estas ascensões não foram estritamente em estilo alpino, já que se beneficiaram da presença de trilhas e cordas fixas de outros alpinistas. Ainda assim, com cada ascensão se ganhava mais conhecimento.
Erhard Loretan escalou com Escoffier no K2. No outono anterior Loretan havia feito a primeira ascensão da aresta leste do Annapurna com Norbert Joos. Percorreram 7 quilômetros e meio de aresta entre 7.000 e 8.000 metros, bivaquearam duas vezes acima dos 8 mil metros e atravessaram a montanha, descendo pela cara norte. Após o K2, Loretan arrematou o ano unindo-se a Jean Troillet e Pierre-Alain Steiner na primeira invernal da cara leste do Dhaulagiri, fazendo-a em 36 horas.
Em cada uma destas ascensões, Loretan foi reduzindo mais e mais seu material, até que sua cordada subiu sem mochila no Dhaulagiri. Nesta época, o que Wojtek Kurtyka chamou de escalada “a pelo”, alcançou seu máximo expoente em agosto de 1986, com a destacável subida do Everest em 43 horas, entre subida e descida, por Loretan e Troillet.
Além das subidas rápidas e sem oxigênio, as montanhas de 8.000 metros também viram ascensões técnicas. Em 1984, dois catalãos, Nil Bohigas e Enric Lucas acabaram uma via que haviam tentado René Ghilini e Alex McIntyre na imponente cara sul do Annapurna (McIntyre morreu por uma queda de pedras enquanto descia da parede em 1982). Essa cordada, extremamente audaz, passou seis dias em uma parede que concentrava as maiores dificuldades a uns 7.100 metros (6a/A2, 80 graus em gelo). Mais acima entraram na via dos Polacos e, após fazer cume, rapelaram a via (2.500 metros verticais) até o acampamento base em um só dia.
Os 2.500 metros da cara oeste do Gasherbrum IV (7.925 metros), conhecida com o a Parede Resplandecente, viu numerosas tentativas no começo dos anos 80. Em 1985, Wojtek Kurtyka e Robert Schauer subiram em estilo alpino, mas não fizeram cume por algumas centenas de metros. Presos em uma tempestade de dois dias no alto da parede, ficaram sem comida e sem água. Começaram a ter alucinações. Schauer acreditava ser um grande corvo, sobrevoando seu próprio corpo, esperando para fincar-lhe o bico até deixar só os ossos. Quando passou a tempestade, decidiram descer e sobreviver antes de correr o risco de atravessar até o cume principal.
Uma última via em um 8.000 merece atenção, porque marcou o começo de um período em que os eslovenos começaram a dominar a escalada no Himalaya. Em 1991, dois eslovenos muito ativos e visionários, Marko Prezelj e Andrej Stremfelj, subiram a impressionante aresta sul do Kangchengjunga à vista e sem ajuda. O alpinista e escritor Stephen Venables considera esta subida como “uma das mais audazes de todos os tempos”. Estas três escaladas (do Kangchengjunga, da Parede Resplandecente, e da face sul do Annapurna) são um claro expoente do compromisso e da segurança em si próprio necessários para subir em estilo alpino qualquer montanha.
Prezelj e Stremfelj continuaram seu êxito do Kangchengjunga com uma escalada de 2.000 metros da extremamente perigosa face sudeste do Menlungtse (7.181 metros). Ainda que não seja um 8.000, montanhas como o Melungtse foram cenário de muitos avanços técnicos nos últimos anos.
Mick Fowler e Victor Saunders subiram o Golden Pilar do Spantik (7.028m) no Paquistão em sete dias, em 1987, em um esforço futurista. Os 2.100m de via no pilar noroeste da montanha tinham mais de vinte cordadas de grau V escocês (e em alguns pontos ainda mais dificuldade), escalada artificial e seguros duvidosos. A pobre qualidade da rocha e o gelo fino davam poucas oportunidades para montar rapeis, de forma que meter-se nesta parede exigiu muita decisão.
A face norte do Changabang (6.848m) na Índia, ainda que não tão comprometida, é tecnicamente mais difícil que o Spantik, com enfiadas mantidas de IV e V grau escocês arrematados com passos chave de VI (descritos na típica subestimação britânica como “difícil”). O mal tempo e a ventania dificultaram a subida, em 1997, de seus 1.600m de parede. Mick Fowler e Steve Sustad se uniram a Andy Cave e Brendan Murphy na parte alta do Changabang após começar a subir com um dia de diferença. Acabaram escalando juntos, permanecendo mais de uma semana na parede. Descreveram muitos dos bivaques como “daqueles que criam caráter”, sentados e expostos a um vendaval contínuo. A descida exigiu outros seis dias nos quais Murphy morreu em uma queda. Fowler denominou mais tarde esta ascensão como “a maior aventura de minha vida”, mas admitiu que talvez tivessem exagerado “um pouco”.
As histórias de escaladas extremas mencionadas nestas páginas dão outra idéia da história do alpinismo moderno e das muitas disciplinas possíveis que existem dentro do estilo alpino. Todas apontam para um futuro no qual as vias que ontem se assediavam com técnica pesada acabarão sendo feitas em ataques rápidos, “a pelo” e por alpinistas com talento e mentalidade aberta, que surgem, aos gloriosos e ao mesmo tempo penosos, esforços de hoje.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

A HISTORIA DOS ESPORTES PERFEITOS

                                                             RUN EXTREME 


Reza a lenda que, no ano 490 antes de Cristo, o heróico Pheidíppides sacrificou sua vida para retornar a Atenas com a notícia de que tinham conquistado os inimigos persas na cidade de Maratona. A distância de aproximadamente 40 quilômetros percorrida pelo lendário corredor inspirou a prova olímpica nomeada Maratona, lembrando o feito do ateniense ao voltar da cidade com aquele nome.


Em 1896, a maratona teve sua estréia nos Jogos Olímpicos modernos e, desde então, se torna cada vez mais popular. A distância da corrida, de inicialmente 40 quilômetros, foi alterada em 1908 para a marca de 42.195 metros graças a uma alteração no percurso: os Jogos eram em Londres e a pista foi deslocada para poder passar em frente ao Castelo de Windsor, de onde a família real poderia assistir parte da prova.

Apesar de extremas, as maratonas em si não nos interessam no momento. Queremos condições muito mais extremas, que levem o organismo e a determinação ao seu limite! E por isso o nosso assunto principal agora é... (suspense)... Maratonas Extremas!!!

(Maratona extrema no Marrocos)

As maratonas extremas recebem esse nome graças às condições físicas do local onde são praticadas (desertos, montanhas, florestas), às condições ambientais (extremo calor, frio, umidade, secura), às distâncias percorridas e, principalmente, a todos esses fatores somados!

Consideradas "hobbies" para ricaços ou maratonistas de plantão, similarmente ao alpinismo, as maratonas atráem milhares de corredores todos os anos nos mais diversos locais: desertos e florestas da África, Cordilheira dos Andes, Pólo Norte, Savanas nos Estados Unidos, tundras no Canadá. As distâncias percorridas variam muito de acordo com o local, mas geralmente são na faixa de 50 a 100 quilômetros, mas podem exceder essa faixa.

Por ser do interesse de ricaços, a revista Forbes muitas vezes lança em suas edições artigos sobre esses eventos. Em uma de suas edições, estão relatadas as TOP 10 Provas Extremas de Resistência, que incluem Maratonas Extremas. São elas:
  • The Raid: Campeonato Mundial de corrida de longa distância. Geralmente ultrapassando os 200km, o Campeonato acontece em diferentes locais a cada edição - sendo um dos locais os Alpes Suíços, Franceses e Italianos. As provas são todas de equipe e englobam trechos de bicicleta, escalada, natação e corrida, todos em condições extremas de clima, altitude, distância. As equipes que conseguirem fazer menores tempos ou maiores distâncias recebem prêmios milionários - para compensar a taxa de admissão, que não é para todos.











  • La Ruta de los Conquistadores: cruzando toda a Costa Rica, de grandes altitudes a regiões costeiras no Caribe, a Rota dos Conquistadores é uma prova de ciclismo de duração de 3 dias. Sua rota é inspirada na de um conquistador espanhol, Juán de Caballón, que percorreu toda a sua extensão, que inclui florestas fechadas, rios de forte correnteza, pântanos, dois vulcões e diversas regiões de micro-climas dos mais variados. De chuvas torrenciais a estiagens castigadoras, de frio cortante a calor "dos infernos". Apenas 400 ciclistas podem participar, sendo 200 nativos que têm que passar por provas de qualificação e 200 estrangeiros que pagam nada mais nada menos que 700 dólares de taxa de inscrição. A Forbes recomenda.
  • Rally Dakar: Desde 1979, esse evento esportivo atrái viciados em adrenalina para cruzar os desertos inóspitos da África Saariana. Começando sempre em um ponto diferente na Europa, corredores atravessam milhares de quilômetros em caminhões, carros e motos, ajudados por dezenas de carros de apoio ao longo do deserto. Certas edições apresentaram apenas 40% de corredores que terminaram a prova, devido às condições extremas.As equipes vencedoras são as que terminam (obviamente) e completam os estágios em menos tempo entre os pontos de checagem.


  • Vendée Globe: Mais de 80 dias da mais perfeita solidão. É o que promete a prova de circunavegação da Terra, a Vendée Globe, que acontece de tempos em tempos. Os competidores não podem ter assistência nenhuma: viajam sozinhos e sem comunicação com os demais. Se o teste não é físico, pelo menos mentalmente não se pode questionar a resistência necessária para sobreviver a tanto isolamento e ainda se concentrar em vencer a prova. A rota: saindo da França, circulando pela costa da África até o Cabo da Boa Esperança, o Cabo Leeuwin na Austrália e o Cabo Horn na América do SUl, retornando pelo Atlântico ao ponto de partida. É para dar água na boca dos ricaços desocupados e que querem um tempo longe da esposa (só não podem levar amantes).

  • Ultramaratona Badwater: pode não ser a mais difícil em questão de distância, mas a ultramaratona de Badwater é certamente uma das mais quentes. Por todo o Vale da Morte (Death Valley, Estados Unidos), os maratonistas percorrem 135 quilômetros do mais gostoso sol de verão no deserto (abaixo do nível do mar) ao frio congelante dos 8.360 pés na base do Monte Whitney. Os 75 corredores convidados enfrentam rodovias movimentadas, temperaturas agradabilíssimas de mais de 50ºC no deserto, entre outros prazeres de verão - a prova acontece em julho. Em uma das edições, o escritor de livros de maratona e ultramaratonista Dean Karnazes, além de ter sido o primeiro colocado isolado dentre os 75, continuou mais 17 quilômetros até o topo do Monte Whitney, o maior pico dos Estados Unidos (parte continental). Só não bate o Forrest Gump...




  • Corrida de Trenó com cachorros de Iditarod: por uma trilha que historicamente foi muito usada pelo serviço de postagem no Alaska, mais de 60 equipes com 12 a 16 cachorros cada se aventuram por quase 2000 quilômetros, cruzando montanhas, florestas fechadas, tundras de um branco sem fim e regiões costeiras com ventos de congelar até a alma. Além da emoção, um prêmio que ultrapassa 500 mil dólares (em dinheiro, carros e outros prêmios) encoraja muitas equipes a participarem dessa prova extrema pra cachorro!


  • Triatlo: a prova que levou a maratona normal ao seu extremo com seus estágios de corrida, bicicleta e natação. Provas como o Iron Man são famosíssimas por sua dificuldade e as histórias fascinantes de superação por trás dos participantes. Um dos casos mais interessantes é o do americano Rick Hoyt, que, com seus mais de quarenta anos, correu, nadou e pedalou por ele e por seu filho Dickk Hoyt, que formavam a equipe Hoyt. Para realizar o sonho do filho, que tinha sido dado quase como um "vegetal" pelos seus médicos, o pai empurrou a cadeira de rodas do filho, puxou-o num bote enquanto nadava e o carregou numa bicicleta especial durante os 3,8 km de natação, 180 km de ciclismo e 42 km de corrida. É o extremo da superação e do amor de pai pela felicidade do filho. Até hoje os dois correm diversas provas juntos.



  • Copa Tevis de Montaria: 160 quilômetros na montaria, durante 24 horas, através das montanhas de Sierra Nevada. Além de completar a prova, os animais (tanto o cavalo quanto o montado nele) devem estar "prontos para continuar" ao cruzar a linha de chegada. Por isso, muitos postos veterinários são montados ao longo do caminho - como pit-stops. Além da resistência do cavalo, haja virilha e derrière para aguentar tanto tempo de montaria! A maioria das edições tem apenas 60% dos participantes conseguindo chegar até o final do percurso, aguentando o dia inteiro de montaria por terrenos irregulares e temperaturas infernalmente quentes e frias nas várias horas do dia.
  • Safari Aquático do Texas (Texas Water Safari): três dias de canoagem em equipe por mais de 262 milhas sem paradas, pelos rios San Marcos e Guadalupe, que desembocam no Golfo do México. Além da resistência de aguentar 3 dias de canoagem sem paradas, as equipes enfrentam correntezas alucinantes, regiões rochosas e regiões com troncos de árvores que ameaçam a integridade de qualquer canoa.

  • Maratona da Trilha dos Incas: Por mais que seu comprimento de 44km faça pensar que é uma maratona qualquer, tudo muda quando se trata de uma trilha traçada pelos povos pré-colombianos da região dos Andes, passando pela histórica cidade perdida de Machu Pichu.. Muito cuidado para não escorregar nas escadas e trilhas de pedra de séculos atrás. Com a ajuda e supervisão de guias, é uma viagem difícil de se planejar; apenas algumas empresas tem a permissão para levar turistas à região e oferecê-los um pacote com a visão dos pontos turísticos e a maratona, no mês de junho. As grandes altitudes e as belezas da região andina atráem diversos corredores dependentes de picos de adrenalina.

Interessado em participar de uma corrida pela trilha dos Elefantes (Addo Elephant Park), na África do Sul, por percursos de 25 a 100 milhas (160 km)? Sua chance está aí! Em 11 de março de 2011, a póxima edição da Addo Elephant Trail, que vale como prova classificativa para uma das provas do Campeonato Internacional de Corridas de Longa Distância, na face norte do Mont Blanc! É uma experiência e tanto!
 

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

AVENTURAS EXTREMAS

O rapel – aventura vertical

 
rapel
O rapel – considerado uma técnica ao invés de esporte, é utilizada para transpor obstáculos nos mais variados tipos de esportes como escalada ou montanhismo, podendo ser praticado com o auxilio de cordas ou cabos.
Existe um tipo de rapel para cada tipo de esporte, ou seja, não se pratica o rapel em um prédio do mesmo jeito que se pratica o rapel numa cachoeira, por exemplo. Isso porque cada ambiente possui características distintas – que aumenta ou não as dificuldades técnicas, exigindo, portanto, conhecimentos específicos.
Cuidados
Se você é “rapeleiro” de primeira viagem, pratique o rapel sempre com um instrutor capacitado e sem abrir mão dos equipamentos de segurança, como: cordas, fitas, mosquetões, cadeirinha, freio oito, entre outros.
 

Escalada – força, concentração, técnica e adrenalina

escalada
A escalada é um esporte em que o praticante utiliza braços e pernas para subir em blocos, falésias, paredões de rocha, gelo ou montanhas. A escalada exige o máximo de força, concentração, técnica e adrenalina – aliás, são justamente esses fatores que conquistam cada vez mais adeptos tanto no Brasil como no mundo.
Existem diversas modalidades de escalada que vão desde a escalada bouldering – praticada em poucos minutos em blocos de pedra, à escaladas big wall – praticadas em paredes de rocha ou montanhas, onde se enfrenta o frio e altitude, além de dificuldades técnicas.
Como qualquer outro esporte que envolva altura, a escalada envolve certo risco. Portanto, ao praticar, não se esqueça dos equipamentos de segurança. Os equipamentos básicos de segurança para a prática da escalada são: corda, sapatilha para escalada, capacete e pó de magnésio para as mãos.

Expedições de Alpinismo

adriana 12 de fevereiro de 2010
O relevo brasileiro não ajuda muito, mas isso não impede que o alpinismo ganhe cada vez mais popularidade no país – o número de praticantes e adeptos cresce ano após ano.
Mas, o que é o alpinismo? Ao pé da letra, alpinismo nada mais é do que a prática de subir montanhas, caminhando ou escalando.
O esporte se consagrou nos Alpes europeus, e tem seu início marcado principalmente pela subida em 1786 do Mont Blanc, ponto culminante da cadeia de montanhas, com 4.807 m de altitude, localizado entre a França e a Itália (Imagem acima).
O nome “alpinismo” remete portanto aos Alpes. Aqui no Brasil, também se usa o termo montanhismo. Alpinismo e/ou montanhismo é uma questão de conceito.
Alpinismo geralmente remete à montanha gelada, com neve. Existe ainda um regionalismo na definição do esporte, como o “andinismo” nos Andes ou o “himalaísmo”, no Himalaia. A nomenclatura depende da montanha existente na região.
Também aqui no Brasil existe uma corrente que diz que montanhismo é qualquer atividade realizada em uma montanha – pode ser até mesmo uma simples caminhada. Já a partir do momento em que você utiliza equipamentos técnicos você está praticando o alpinismo

Histórias Incríveis de Sobrevivência: Perdido mas não sozinho

adriana 11 de fevereiro de 2010
O que começou como uma simples caminhada partindo do acampamento em Chute Canyon, em Utah, logo se transformou em acidente para os irmãos Justin e Jeremy Harris. Os dois estavam fazendo rapel num grande rochedo quando Justin escorregou e caiu mais de 3 metros, quebrando a perna logo abaixo do joelho.
Com a noite se aproximando rapidamente, depois de uma breve discussão, eles perceberam que Jeremy precisava deixar Justin para ir atrás de ajuda. “Tudo conspirava contra nós”, disse Justin. “Mas estávamos determinados a continuar vivendo”.
Após Jeremy ter acomodado seu irmão com roupas isolantes, comida e água, retornou ao camping, que estava a 6,4 km de distância. Infelizmente, Jeremy tomou o caminho errado, indo parar num outro cânion, a 3,2 km, em meio a várias fendas cheias de água. Ele sabia que não iria durar muito tempo encharcado e sob baixas temperaturas – então parou e montou uma fogueira para se secar.
No caminho, a lanterna de Jeremy gastou duas cartelas de pilhas e a água acabou. Finalmente, depois de mais de 20 horas desgastantes, Jeremy conseguiu chegar ao camping – e a seu telefone celular – para relatar o incidente. A hipotermia e o choque térmico de Jeremy foram tratados mais tarde, num hospital das redondezas.
Enquanto isso, Justin tentava manter sua perna elevada num amontoado de corda. Ao amanhecer, ele ansiava por temperaturas mais quentes, mas pelo fato de estar num vale tão profundo, viu apenas meia hora dos raios do sol. A esperança de Justin em ser resgatado no mesmo dia também não vingou. Além disso, teve de agüentar mais uma noite de baixas temperaturas antes que o auxílio chegasse. O rapaz ficou entre as escarpas por mais de 36 horas, rodeado por lama e água gelada, lutando contra a hipotermia e contra a dor da perna quebrada.
Jeremy Harris caminhou em meio às fendas cheias de água, semelhante ao que vemos aqui no Bluejohn Canyon
Jeremy Harris caminhou em meio às fendas cheias de água, semelhante ao que vemos aqui no Bluejohn Canyon

Para tirá-lo de lá, o grupo de resgate amarrou Justin num tobogã de fibra de vidro e metal, e ele foi trazido para um rochedo a uma altura de 136 metros. Um membro da equipe colocou um cobertor sobre a cabeça de Justin para ele não perceber a altura durante a suspensão de cinco horas pelo helicóptero.
Justin estava isolado das baixas temperaturas que o rodeavam e tinha comida e água suficiente para mantê-lo enquanto Jeremy buscava ajuda. Enquanto estava preso em meio aos rochedos, ele quebrou as garrafas de água nas pedras e comeu lascas de gelo para se manter hidratado. Esse tipo de raciocínio salvou sua vida. Agora, Justin necessita apenas de um imobilizador de perna. Como muitos outros sobreviventes, Justin disse que pensava em sua família – sua esposa e seus quatro filhos – e isso sustentou sua vontade de sobreviver.

SLACKLINE SOBRE MONTANHAS



 

                        A arte do equilíbrio

 
O equilíbrio é essencial para nossas vidas. A Terra se move em uma órbita determinada em torno do sol e a lua gira ao redor da Terra. Correntes oceânicas e tempestades se movem sobre o nosso planeta. As estações mudam como a Terra viajando ao redor do sol. Sejam montanhas ou vales, desertos ou oceanos, na natureza tudo está perfeitamente relacionado, conectado, e nós, como seres humanos, somos parte dela.


Atualmente tudo está banalizado, muitas coisas que são normais para nós, não deveriam ser, estamos perdendo nossa identidade. A humanidade está desenvolvendo novos modos de vida, que parecem nos afastar da vida natural. Por isso, é de extrema importância o contato com as nossas raízes para que possamos reestabelecer um diálogo entre o nosso corpo, nossa mente e a natureza.
A ideia de equilíbrio é firmemente ancorada em diferentes culturas. Mesmo na antiga Grécia e Roma esta arte já era praticada. Naquela época, a prática de diferentes tipos de equilíbrio sobre cordas finas já existia, incluindo movimentos de dança e rotinas teatrais.
Há também registros da Idade Média. Acrobatas se equilibrando em cordas eram o centro das atenções em festivais e shows. No século 19, grandes artistas como Blondin e Farini ficaram mundialmente famosos pelo equilíbrio nas cordas. Várias manobras foram feitas em uma corda estendida nas Cataratas do Niágara. Em muitos lugares da Ásia equilibrar-se numa corda é uma rica tradição cultural. Na Coréia, a Jultagi, uma forma de contar histórias por acrobatas em uma corda, foi incluída no patrimônio cultural histórico protegido pelo governo.
Nas primeiras horas do dia 07 de agosto de 1974, Philippe Petit (foto abaixo) colocou uma corda bamba entre as Torres Gêmeas do finado World Trade Center em Nova York, deixando impressionada uma multidão de pessoas por andar durante uma hora sobre a cidade ao amanhecer. A polícia o prendeu por causa desta ação não autorizada, e como castigo Philippe teve que fazer uma performance para algumas crianças no Central Park.

Todos esses exemplos caracterizam o fascínio pelo inusitado. Um ato de equilíbrio em uma corda parece ultrapassar os limites do humanamente possível. Através de muita determinação, dedicação e coragem um sonho pode se tornar realidade.
Estes acrobatas das cordas foram uma fonte de inspiração para os pioneiros do Slacklining. Mas a história do esporte começa em outro lugar:
No início dos anos 80, um grupo de jovens escaladores que estava hospedado em um camping no vale de Yosemite começou a se equilibrar em correntes, cordas e grades. Para alguns deles, uma nova paixão nasceu.
Adam Grosowsky e Jeff Ellington foram os primeiros a apreciar as maravilhosas qualidades da corda de nylon tubular para fins de equilíbrio. Em contraste com o equilíbrio de costume na corda de aço ou de cânhamo a de nylon oferece muito mais elasticidade, é mais leve e muito melhor para andar. Jeff e Adam elevaram o esporte para outro nível, realizando uma série de novos movimentos na corda e serviram de inspiração para outros slackliners.

Adam e Jeff também deram início ao desafio das alturas quando em 1983 decidiram atravessar um vale de um lado a outro através de uma corda em um vão. A ideia deles levou o jovem Scott Balcom, depois de uma tentativa fracassada em 1984, comemorar a primeira travessia completa de Highline em 1985. O Slackline, usado primeiramente como brincadeira e treinamento para moldar o equilíbrio e a coordenação teve seu significado transformado, rompendo barreiras psicológicas e ganhando um novo sentido de liberdade.
Darrin Carter, inspirado nas primeiras tentativas de Scott aperfeiçoou o esporte no início dos anos 90, amadurecendo a prática do Highline. A base para esta nova dimensão foram incontáveis ​​horas de treinos em Slacklines “normais”.

Darrin encantou a uma nova geração de slackliners. O Slackline se firmou com Dean Potter, Snyder e Shawn Mayfield Braden na cena da escalada norte-americana e ganhou uma forte ressonância na mídia.
No início do novo milênio, o Slackline cada vez mais foi visto em terras européias, e desde o primeiro Festival Europeu de Slackline 2006 em Scharnitz, Áustria, a corda de nylon experimenta um verdadeiro boom na Alemanha, Noruega, República Tcheca e Polônia.
Com o Slackline já emancipado, cada vez mais um maior número de pessoas entra na linha: São skatistas, surfistas, snowboarders, esquiadores, que além da diversão, se utilizam do esporte para ganhar maior equilíbrio e fortalecimento muscular. Além disso, andar sobre a corda de nylon possui outras aplicações futuras que incluem fisioterapia e pedagogia.
Acompanhando a popularização do esporte está a maior diversidade na prática de Slacklining: Sequencias de movimento artístico é um tema-chave do Tricklining. O comprimento é o desafio para o Longlining. Equilibrio sobre lagos e rios é o objetivo a ser atingido no Waterlining. Os perigos da Highlining centralizam a relação com os medos internos. A cidade se torna um playground do equilíbrio no espaço urbano.

O fascínio pelo Slackline é alimentado pelo movimento na natureza, a recreação ativa, a capacidade de aprendizagem motora e a reunião com pessoas de mente aberta.
Equilibrando-se sobre uma corda temos a oportunidade de focar nossa atenção por um momento para a harmonia do ser e pelas belezas nativas.
Os praticantes de Slackline são os atuais responsáveis por escrever um novo capítulo na longa história da arte do equilíbrio.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

EXTREME ESPORTE HARD

                    - SLACKLINE
O slackline, por definição, é um esporte de equilibrio derivado, um pouco do alpinismo e um pouco do circo, que utiliza fitas ou cordas de nylon esticadas entre dois pontos, formando um vão livre entre eles. Essa linha pode ter diversos tipo de tensão, ajustadas para atender o praticante e levar a prática de diferentes tipos de manobras, truques e acrobacias.

No último verão o esporte ganhou muita populariadade no Brasil, principalmente em praias e parques, com o equipamento esticado entre duas árvores e postes, a partir de três metros do chão.

Para os mais radicais, existe a modalidade chamada de highline que é a praticada com a corda estendida entre duas montanhas ou prédios. O "point" mais conhecidoé a Pedra da Gávea no Rio de Janeiro, com 840 metros de altura. Para colocar mais pimenta e radicalidade existe a modalidade onde no meio da fita o praticante salta com o base jump.

Base jump. Esse é o tema do nosso próximo post na seção esportes de aventura. Não perca!                       

ESPORTE: Slackline, o esporte que vai fazer você andar na linha‏

O Slackline é um esporte que se resume ao equilíbrio, tanto físico quanto mental, já que na verdade você terá que andar literalmente na linha. O esporte consiste em andar, ou até pular, girar, pelo maior tempo possível, sem cair, sobre uma fita de naylon presa pelas extremidades (ancoras) em bases fixas, como árvores ou postes. Muitos confundem o slackline com andar na corda bamba, porém nesta a linha não é mantida rigidamente tensa.

A tensão da linha no slackline pode ser ajustada para atender aos objetivos do atleta, permitindo truques impressionantes e acrobacias. O que você ganha com isso? Uma mistura de benefícios mental, corporal e físico em ambientes ao ar livre. A idéia é superar seus próprios limites em uma fita esticada entre dois pontos de ancoragem e trabalhar a coordenação motora movendo-se com equilíbrio entre o corpo e a mente.

Músculos você irá trabalhar A educadora física Mila Toledo, diretora da Mila Toledo Fitness, em São Paulo, afirma que o esporte trabalha o corpo todo. Além disso, desenvolve a concentração e ajuda a melhorar a postura. "Os músculos do abdômen e das coxas são os mais exigidos, além dos braços, que participam auxiliando na estabilização sobre a corda", disse em recente entrevista a revista Women’s Health.

O recifense Guilherme Linhares, praticante de slackline e conhecedor do assunto, nos contou que para manter o equilíbrio depende apenas de muito empenho e treino, mas as dicas básicas são simples; sempre direcione seu olhar em um ponto fixo, sem desviar para não perder sua estabilidade, normalmente os praticantes do esporte olham sempre para o final da fita. Antes de tentar se mover sobre a linha procure primeiro ficar parado retirando apenas uma perna da fita, assim se equilibre com apenas uma das pernas e mantenha sempre os braços levantados com as mãos na altura da sua cabeça. Também se lembre de sempre flexionar seu joelho, e pronto, você já poderá começar a dar seus primeiros passos sobre a fita. Normalmente quando se treina em lugares que há muito vento, a corda tende a balançar demasiadamente, principalmente quando você estiver na metade da fita, assim coloque força na frente do seu pé impulsionando a fita para que ela possa ficar menos solta e assim balançar menos.

MADE IN EUA Sua origem vem da escalada, popularizou-se como treino de equilíbrio e iniciou-se em meados dos anos 80 nos campos de escalada do Vale de Yosemite, Califórnia. Onde escaladores passavam semanas acampando em busca de novas formas de escalada e nos tempos vagos esticavam as suas fitas de escalada, através de equipamentos, para se equilibrar e caminhar. O Slackline lembra muito o cabo de aço usado por artistas de circo, a diferença é em relação à sua flexibilidade que permite criar saltos e manobras. Também conhecido como corda bamba, o slackline significa "linha folgada".

EQUIPAMENTOS
Guilherme nos falou que para começar a praticar você só precisará apenas de uma fita (existem vários modelos e tipos) e também de dois locais fixos para amarrá-la em uma distancia que fica a seu critério, porém no começo o ideal seria uma distancia curta. As fitas são feitas de nylon e são muito elásticas o que da um grande impulso e facilita nas manobras. Para os iniciantes existem as fitas que são mais grossas e acabam impulsionando menos e facilitando o aprendizado. Lembrando que a pessoa poderá começar com a melhor corda do mercado, a The Surfer, como também nada lhe impede de ir a algum armazém e comprar uma corda do modelo que é usada para amarrar carga de caminhão. Resumindo, o aconselhável é comprar uma fita específica para o esporte e começar sempre em uma distancia curta de 8 ou 9 metros.

Guilherme acredita que além do vento, a maior dificuldade é o medo de tentar, mas é algo que logo é superado. A corda pode ser amarrada basicamente em todos os locais aonde há dois pontos fixos ao solo, não sendo aconselhável amarrar em pilastras ou algo que tenha quinas cortantes, pois os movimentos da fita irão acabar desgastando seu equipamento. Os melhores lugares para amarrar são em arvores, mas sempre tenha a preocupação de verificar se elas irão agüentar tal pressão. No começo será bem difícil você conseguir andar sobre a fita, o aconselhado é colocar a corda em uma altura um pouco abaixo do seu joelho. Por conta das quedas inevitáveis, principalmente quando se está treinando manobras, é aconselhável treinar sob a areia ou colchões para amortecer o corpo.

MODALIDADES E ACROBACIAS
As principais modalidades são Longline, Highline, Waterline, Trickline e Yogaline.

Na Longline, as fitas são armadas com mais de 20 metros de comprimento, tornando o grau de dificuldade maior pois requer mais condicionamento físico e muito equilíbrio.

Highline é quando a fita é armada em uma altura superior a 5 metros, muitos utilizam em alturas extremas, como de uma montanha para outra, exigindo que a pessoa tenha uma noção de alpinismo, bem como kits de proteção.

Waterline é uma das melhores modalidades em minha opinião, ela é feita sobre a água, na piscina, mar, rio ou lagoa. Além de ser super refrescante você não precisa temer as quedas se tornando uma ótima modalidade para se treinar novos movimentos.

Yogaline, é uma modalidade que requer muita concentração, nada mais é do que passar os movimentos da Yoga para o Slack, coisa que não é nada fácil.

Trickline a fita chega por volta dos 60 metros, possibilitando muitas acrobacias, como; butt bounce (o praticante cai sentado na fita sem os pés no chão) e chest bounce (onde a pessoa cai de peito na fita sem tocar no solo).

No Brasil o esporte já é muito divulgado, principalmente no Rio de Janeiro, aonde há vários campeonatos, talvez ainda falte uma visão da iniciativa publica e privada para patrocinar e incentivar o esporte. Afinal é um esporte que beneficia corpo e mente, além de ser indicado para homens, mulheres e crianças de todas as idades.